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Artigo de Bolsa

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1Artigo de Bolsa Empty Artigo de Bolsa Sáb Nov 08, 2014 11:23 am

Manuel Marques

Manuel Marques
Admin

Manuel Marques (escrito em 2010)

Foi durante o período negro da história económica mundial, relativo a 1929 e 1933, e descrito como a grande depressão, que surgiram duas das maiores obras sobre avaliação de empresas cotadas em bolsa. Em 1934, foi publicado o livro de Benjamim Graham e Dodd, intitulado “Security analysis”, que veio introduzir uma nova ordem no pensamento em vigor, caracterizando a compra de acções como um investimento cujo valor deveria ser deduzido através dos indicadores económico-financeiros da empresa. Esta nova tese, vinha contrapor o método utilizado até então, cujo princípio assentava na pura especulação, associada à experiência do especulador e à sua capacidade de entender o ambiente macroeconómico. Um desses casos, é o de Jesse Livermore, cuja bibliografia pode ser lida no livro “Reminiscence of a Stock Operator” publicado em 1923, cuja sensibilidade para o mercado não o impediu de ir à falência várias vezes.
“The intelligent investor” é outro dos livros de Benjamin Graham, considerado por muitos como um dos melhores livros de investimento de sempre. Warren Buffet, que viria a ser seu aluno na década de 50, e hoje em dia considerado um dos maiores investidores de que há memória, escreve assim no quarto prefácio do livro:
“ I read the first edition of this book early in 1950, when I was nineteen. I thought then that it was by far the best book about investing ever written. I still think it is. To invest successfully over a lifetime does not require a stratospheric IQ, unusual business insights, or inside information. What’s needed is a sound intellectual framework for making decisions and the ability to keep emotions from corroding that framework. This book precisely and clearly prescribes the proper framework. You must supply the emotional discipline.” página viii.
Por isso se pode concluir, que teve uma enorme influencia na criação de novos métodos de análise financeira, após um período conturbado na economia, em que o mercado financeiro dos EUA perdeu 90% do seu valor. Durante anos, a obra de Graham e Dodd, foi a obra de referência para aqueles que pretenderam obter o certificado de analista financeiro pela Associação de Analistas financeiros dos EUA. Esta é mais umas das razões para podermos considerar a sua obra ímpar no universo que existe hoje em dia.
Por outro lado, quatro anos mais tarde, em 1938, “The theory of Investment Value”, escrita por John Burr Williams, veio introduzir a ideia de que o justo valor de um activo, deveria ser calculado através do valor presente de todos os dividendos por acção obtidos no futuro. Esta ideia revolucionaria a prática de analise e viria a tornar-se juntamente com o livro anterior, a base para o crescimento desta disciplina e da sua importância dentro das finanças corporativas. Sendo descrito como “blocking and tackling”, realça a importância do estudo da empresa, e da aplicação dos seus
indicadores na construção de um modelo que possa ser aplicado à determinação do seu valor intrínseco.
Ao longo do tempo, muitos livros e estudos foram escritos sobre os modelos de avaliação de empresas. Julgo que “Analysis of equity investments: valuation”, que neste momento é a obra de referência para aqueles que desejam obter o CFA, é um dos livros mais completos sobre o tema. O seu contributo é ímpar para o desenvolvimento de uma ciência que começa a ganhar mais adeptos no mundo, face à outros métodos de análise de investimento. Um desses métodos alternativos é a análise técnica. É interessante que a generalidade dos livros sobre o tema investimento, reservam sempre algumas páginas para caracterizar a rivalidade que existe entre as duas ideologias: análise fundamental e a análise técnica. Warren Buffet, antes de ler o “Inteligent Investor”, confessou que se apoiava unicamente em gráficos na tomada de decisão.
A análise técnica consiste em analisar gráficos históricos da cotação de um determinado activo cotado em bolsa, de forma a compreender a tendência do preço no futuro. Um dos livros considerados de referência sobre este tema é o “Technical Analysis of the financial markets” de John J. Murphy. O autor descreve-a da seguinte forma: “Technical analysis is the study of market action, primarily through the use of charts, for the purpose of forecasting future price trends.” Sendo o “market action” a conjugação do preço, volume e contratos negociáveis. A sua filosofia reside em três aspectos principais: o mercado desconta toda a informação que existe naquele momento, os preços movem-se em tendências, e a história repete-se.
Se por um lado, ao aplicarmos a análise fundamental nos apercebemos por vezes de alguma irracionalidade no mercado, e da sua fraca eficiência, no caso da análise técnica, afirma-se que toda a informação disponível naquele momento sobre o activo (politica, económica, etc) se reflecte na cotação, e a lei da oferta e da procura tem um papel primordial na evolução dos preços, e na sua tendência futura.
A falibilidade deste método, e as crises económicas que o mundo tem atravessado, têm vindo a recuperar a análise fundamental ao estatuto que desempenhou outrora. A última destas crises, de origem na bolha especulativa das empresas tecnológicas que rebentou em 2001, veio introduzir novas medidas de avaliação mais apropriadas à denominada “nova economia”. O que outrora eram métodos que podiam ser aplicados a activos com determinadas características financeiras, já não podem ser aplicados a estes, cujo valor reside muitas vezes nos recursos intangíveis da empresa, ou cujos resultados são negativos durante algum tempo.
Por isso, a importância dos modelos de avaliação de empresas cotadas em bolsa, que teve o seu auge no final da grande depressão, está novamente a surgir, pois é necessário avaliar correctamente os activos, sob um ponto de vista de investimento, de forma a aplicar mais assertivamente o “money management” à gestão de uma carteira.
Apesar da análise técnica se associar mais facilmente a um mundo em constante mudança, a especulação não pode ser entendida como uma forma de investimento. Não existem indícios da razoabilidade desta prática, e apesar da sua fácil aplicação, não pode nunca ser comparável com a avaliação objectiva que a análise fundamental oferece.
Por outro lado, apesar de existirem modelos de avaliação que se adaptam mais adequadamente a determinadas empresas, é necessário ter em conta que os fundamentais modificam-se ao longo do tempo, e por isso, é necessário acompanhar todo esse processo.
O livro “The micro cap investor – strategies for making big returns in small companies” escrito por Richard Imperiale, refere-se a este tema afirmando que existem empresas de baixa capitalização, que pelo facto de serem pouco seguidas pelos investidores institucionais, podem proporcionar boas oportunidades de investimento. Por outro lado, face ao seu baixo valor de mercado, são empresas que ou são renegadas para segundo plano, ou entregues a analistas com menos experiência, que dessa forma não realizam uma análise completa. Por isso existe informação sobre a empresa que poucos investidores tiveram acesso, proporcionando elevados níveis de arbitragem. A fraca eficiência de mercado surge nestas ocasiões. O índice Russel 2000, teve origem num estudo realizado pela empresa Frank Russel sediada em Tacoma no Washington, e que reuniu as 2000 empresas com menor capitalização do grupo das 3000 maiores empresas sediadas nos EUA. Este índice comparado com o S&P500 tem demonstrado obter um maior retorno ao longo do tempo, o que vêm apoiar a tese de que empresas com menor capitalização de mercado, obtêm maiores retornos.
Esta ideia vêm contrariar a “Random walk theory” de que tem origem a celebre frase de que “Is no such thing as a free lunch”. De acordo com esta teoria, não é possível prever a cotação, e dessa forma, impossível obter algum tipo de retorno sistemático em investir no mercado.
Vários estudos têm vindo a ser realizados para contrapor esta teoria. Um deles, e considerado o pioneiro, é o de Frank riley, “A cross sectional approach to market liquidity”, publicado em 1982 no “Journal of financial management”. Segundo o autor, o mercado pode ser dividido em três partes, nas quais se enquadram as empresas com grande capitalização e que são atraídas pelos grandes investidores institucionais, as de média capitalização que também são alvo de alguma atenção e as de pequena capitalização que não são alvo de atenção pois não permitem a liquidez necessária a um investimento. O estudo conclui que a eficiência de mercado é proporcional à atenção dada à empresa, que por sua vez está associada com a sua capitalização e liquidez.
Uma das formas, de poder avaliar esta teoria, seria aplica-la a condições de mercado semelhantes. O que outrora era conhecida como a maior economia mundial, está neste momento a atravessar um grave momento de recessão, originada pela crise do subprime.
Esta crise tem semelhanças aquela que ocorreu na primeira metade do século passado, quando na
celebre “quinta feira negra” de 1929, se deu o crash na bolsa de Wall Street, e não pode ser dissociada do período mais longo de crescimento e prosperidade que há memória nos EUA, entre 1994 e 2000. Isto porque foi durante esse período que surgiu a denominada nova economia, movida pela tecnologia e pelas novas comunicações, e que originou uma bolha tecnológica nos mercados financeiros, face ao aumento das cotações e do número de empresas cotadas na bolsa. Foi tarde de mais quando os investidores se aperceberam que o valor cotado em bolsa dos activos que haveriam adquirido estaria excessivamente inflacionado, o que originou uma forte correcção nos preços. Juntamente com os atentados terroristas, esta crise obrigou a reserva federal dos EUA a reduzir a taxa de juro para valores mínimos, o que alavancou o poder de empréstimo dos bancos, que mergulharam numa política de facilitismo. Por outro lado, sob o fenómeno de titularização, foram criados novos produtos financeiros, através de hipotecas de carácter duvidoso, e que eram sendo classificados de baixo risco por empresas de notação de rating. Porem, quando o Fed subiu novamente as taxas, muitos dos empréstimos que tinham sido concedidos a clientes de carácter dúbio, e cujas hipotecas haveriam sido convertidas em produtos financeiros considerados de baixo risco, deixaram de poder ser pagos, originando uma crise de liquidez, que se espalhou pelo mundo ao qual os produtos haveriam sido comercializados.
Isto originou a falência de grandes instituições bancárias, como foi o caso do Lehman Brothers, e originou uma quebra na actividade económica a nível mundial.
Apesar de muitos dos efeitos desta crise terem sido controlados pela intervenção dos governos na economia, a União Europeia enfrenta uma grave crise estrutural, a qual tenta combater com o plano de estabilidade e crescimento, ou plano de austeridade.
Por outro lado, apesar do fenómeno da globalização que surgiu no início de 1990, e caracterizado com a entrada da China na economia de mercado a nível internacional, os países emergentes têm tido uma atitude diferente face à recessão em relação às denominadas economias desenvolvidas. Existem analistas que afirmam que apesar da crise do subprime, o próprio advento da China e da Índia nos mercados internacionais, pode ter contribuído para acentuar o carácter da mesma, Apesar de no primeiro trimestre de 2009, o PIB da China ter crescido a uma taxa pior desde 1992, de 6,1%, têm-se observado o fenómeno de Decoupling. Este consiste no ciclo de crescimento económico dos países emergentes, que se vem mantendo robusto a despeito da desaceleração do crescimento nos EUA. Isto porque apesar de durante muitos anos terem sido impulsionadas pela economia americana, e no caso da China isso era notório pelo facto de 20% das suas exportações terem como destino o território americano, neste momento começam a caminhar pelas próprias pernas. Apesar de contrariar o conceito de globalização, e de correlação entre os vários mercados a nível mundial, podemos compreender este efeito pelo facto das economias emergentes transaccionarem mais entre si, pelo aumento da sua demanda doméstica, influenciada pelo aumento dos salários, e por um
aumento no número de consumidores, que dessa forma, conseguem sustentar o próprio crescimento da sua economia. Caracterizada por uma elevada demanda interna, com factores cambiais favoráveis, tendo-se tornado a principal exportadora a nível mundial, ultrapassando a Alemanha nesse patamar em 2009, com politicas fiscais favoráveis à captação de investimento externo, e cujo crescimento do PIB em 8,7% em 2009, o torna o segundo maior do mundo, são características mais do que suficientes para caracterizar a economia chinesa como a super-potencia mundial no futuro.
Veremos apenas como o governo irá responder à sua subida da inflação que caracteriza este crescimento elevado, pelo que em finais de Março de 2010, se observou a mesma situação na India, o que obrigou o banco central indiano a subir a taxa de juro de forma a refrear este fenómeno.
Um dos comentadores mais mediáticos de mercados financeiros da CNBC, Jim Rogers, afirmou que a maior economia no século XIX foi o Reino Unido, em XX, os EUA, e que neste novo século seria a China, e parece que tem vindo a acertar nas suas previsões.
Com muitas das suas empresas cotadas nos mercados regulamentados dos EUA, onde conseguem captar mais investimento, é interessante verificar este fenómeno de surgimento de novas empresas cotadas em bolsa provenientes da economia Chinesa.
Do seu estudo, e uma vez que muitas encontram-se numa fase inicial de crescimento, poder-se-à retirar alguns conclusões interessantes acerca da relação que existe entre a eficiência na forma fraca, e a capitalização das empresas cotadas.
Em contraste aos mercados emergentes temos a estagnação da economia europeia, principalmente a portuguesa, que enfrenta problemas ao nível da competitividade e do desemprego. A sigla pouco lisonjeira à qual chamam os países PIGS, Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, teve origem nos problemas de défice, dívida excessiva e alto desemprego. A Grécia que ocupava o 9º lugar no ranking mundial dos países com maior risco de crise da dívida externa, passou para o 7º lugar no final do mês de Março de 2010. A elevada probabilidade de falência da Grécia, originou recentemente uma nova sigla por parte da comunicação social, STUPID, que abrange o conjunto de países que podem ser afectados por um efeito dominó dessa falência: Espanha, Turquia, Reino Unido, Portugal, Itália e Dubai.
Portugal apresenta uma dívida externa que equivale a 230% o seu PIB, ou seja, superior a 500 mil milhões de dólares na mesma data de referência pelo ranking do CIA World Fact Book. Dessa forma, encontra-se na oitava posição, em relação à lista dos mais endividados à escala mundial, em relação à riqueza nacional criada.
Assim, face ao desequilíbrio das contas públicas e à subida dos indicadores da dívida, torna-se essencial que os países afectados possam cortar gastos e reduzir o deficit público, pelo que terão um crescimento mais lento do que a média europeia.
A relevância da escolha do tema resulta no facto de ser interessante verificar de que forma é que os
modelos de avaliação de acções poderão ser aplicados ao estudo de empresas que se inserem em realidades distintas. Se por um lado, a economia chinesa permite simular as condições necessárias para avaliar empresas com um crescimento sustentável a médio longo prazo, e qual a sua eficiência perante os mercados onde estão cotadas, as empresas portuguesas, face ao alto endividamento dos seus balanços, permitem estudar uma realidade diferente.
Além do facto de, à semelhança do que ocorreu com o Japão durante as duas últimas décadas, e segundo Richard Koo no seu livro “O Santo Graal da Macroeconomia”, as empresas portuguesas poderão atravessar no futuro uma crise de folha de balanço, caracterizada por um elevado passivo e deterioração das condições económicos do país. Isto levará com que as empresas passem de maximização dos lucros para redução das dívidas, pelo que a política monetária deixará de funcionar e o estado dependerá exclusivamente da sua política orçamental. Assim, dependentes do factor exportação, as empresas cuja competitividade seja menor que as suas congéneres mundiais, perderão quota de mercado, com efeitos irreversíveis para a sua sobrevivência.

http://www.mggestaoemarketing.com/

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